quinta-feira, 21 de agosto de 2014

1433- CARTA ABERTA: NOVAS ADESÕES

Esta postagem é para registrar as pessoas que aderiram à Carta Aberta dos Enxadristas do RJ após sua publicação:

Alexandre de Oliveira Lima, enxadrista há 30 anos
Grasiele Cristina da Silva Menezes, enxadrista há 13 anos
Israel Flávio Feliciano de Oliveira, enxadrista há 7 anos
Jorge Leal da Silveira, enxadrista há 3 anos

1432- AINDA SOBRE A CARTA

Recebi um comentário na postagem anterior do enxadrista Jarde Nascimento (ID CBX 43790), informando o número do seu CPF, rebatendo trecho da Carta que afirmava não possuir o jogador o Cadastro de Pessoa Física.
O que afirmamos foi que os dados do jogador na CBX (nome e data de nascimento em 08/10/74) não correspondem a nenhum CPF cadastrado. Mas, como há um CPF em nome de Jarde Nascimento, resolvemos retirar o citado trecho da Carta.
O CPF informado no comentário realmente é de um cidadão chamado Jarde Nascimento mas o mesmo nasceu em 10/07/38, segundo dados que levantei.
Ora, isso no mínimo comprova duas coisas: 1) que a CBX não fez a checagem dos dados pessoais do enxadrista quando do seu cadastro na entidade; 2) que é lindo ver um senhor de 76 anos jogar um torneio FIDE (quiçá o seu primeiro) e sair com um rating tão alto.

Reafirmando o teor da Carta, assinada por mais de 45 respeitáveis enxadristas do RJ: não queremos acusar ninguém. Queremos transparência e respostas aos questionamentos.

quarta-feira, 20 de agosto de 2014

1431- CARTA ABERTA DOS ENXADRISTAS DO RIO DE JANEIRO

Queremos transparência e mérito!

Carta aberta dos enxadristas do Rio de Janeiro aos dirigentes

Movidos por episódios que entendemos estranhos aos valores que preconizamos para o xadrez fluminense, decidimos por bem escrever esta carta aberta à comunidade. Importante que se frise que os fatos que serão relatados a seguir não pretendem promover discriminação, discórdia, ruptura e muito menos segregar quem quer que seja. O xadrez no Rio de Janeiro – e consequentemente seu atraso perante boa parte do Brasil – já tem sofrido o suficiente nos últimos anos para querermos acentuar seus males.

Vamos nos ater simplesmente aos fatos e às bases abertas de informação, sejam elas do xadrez ou de órgão públicos do país. Evitaremos os adjetivos, focaremos apenas nos substantivos. O cruzamento dessas informações vai produzir as evidências que tanto nos chamaram a atenção e que, per si, deveriam ser suficientes para uma ação de esclarecimento do enxadrista envolvido, da Confederação Brasileira e, por que não, da Federação do Rio. Mas antes, para darmos o contorno, é necessário fazer uma pequena digressão sobre as bases na qual o xadrez de competição está inserido.

Talvez hoje, mais do que nunca, o rating internacional seja a principal ferramenta que o enxadrista que compete em torneios tem para ser avaliado. A valorização do rating internacional é fruto de uma estratégia bem pensada pela FIDE para unir toda a categoria numa mesma base de comparação. Uma das vantagens disso, para ela, é que a inscrição na lista de rating passou a gerar recursos financeiros antes impensáveis. Cada atleta paga em média 35 dólares por ano para manter-se ativo. Para requisitar um título de Mestre Internacional, o candidato paga quase 250 dólares. Só de jogadores do Rio há cerca de 750 nomes no cadastro da CBX, embora talvez apenas 10% mantenham seus status ativos. E se há uma característica fundamental para o sustento desse sistema, ela chama-se mérito! Sim, a palavra-chave que sustenta toda a “indústria” do rating internacional chama-se mérito. De certa forma, perseguir o rating é hoje a força que move peças e paixões.

A democratização do rating é evidente: se nos anos 1980 somente jogadores com força para atingir 2200 pontos possuíam registros na lista internacional, hoje, qualquer iniciante disposto a pagar as taxas vai ganhar sua ficha e jogar para ser avaliado. Por trás da adesão crescente, as federações locais viram os seus rankings perder valor. É assim mesmo, nada de errado, a globalização também provoca seus efeitos no xadrez.

Entretanto, há uma contrapartida na qual os atletas – e aqui estamos nós! – podem e devem cobrar. Aumentou a responsabilidade dos gestores em manter este modelo imune a qualquer tipo de distorção que impacte nos números. Claro, paga-se para competir e espera-se ser medido de forma justa, exclusivamente pelo mérito. Tanto o é que a FIDE, numa atitude correta, passou disponibilizar em seu portal, de forma aberta e individual, todos os cálculos. Ter um bom rating é, para muitos jogadores, mais importante do que ganhar torneios. Nem precisamos ressaltar que os poucos profissionais que retiram seu sustento no xadrez contam com a lisura do sistema para ganhar reconhecimento e assim tocarem a vida. Tanto para o rating quanto para a conquista de normas e titulação.

Chegamos então ao ponto que nos levou a escrever esta carta. Trata-se de uma variação muito fora do padrão do rating de um atleta do Rio de Janeiro, que vem provocando o estranhamento de muitos participantes da comunidade enxadrística. O atleta em questão é Eduardo Arruda Cunha, jogador experiente, com mais de 25 anos nas competições, presidente de clube, árbitro, ex-dirigente da federação do Rio e organizador de torneios.

Como é possível observar no gráfico abaixo, sua performance recente salta aos olhos: ele amealhou 191 pontos de rating em apenas 10 meses, resultado que já o coloca entre os cinco melhores jogadores em atividade do estado do Rio e entre os 20 do Brasil. Uma nova performance neste nível, Arruda estará candidato a uma vaga olímpica em 2016. Vejamos a evolução:

 
   
 Antes de prosseguirmos, é preciso deixar claro que no xadrez nada é impossível. Mas em geral, a dureza da competição de alto nível faz com que o improvável continue improvável na grande maioria das vezes. Na história do xadrez recente, vamos ter dificuldades de recuperar os casos onde um jogador já tarimbado, acima dos 50 anos, consegue inverter e mudar de padrão de jogo tão rapidamente.

Não que a trajetória do sucesso tenha sido linear. Arruda jogou pouco nos últimos anos, mas seu engajamento foi multiplicado nos últimos meses – treze torneios em menos de um ano. Vejamos a tabela abaixo, que mostra a atividade do atleta segundo os dados da FIDE:


ANO
RATING
PARTIDAS NO ANO
2010
2294 em novembro
5 partidas
2011
2242 em novembro
7 partidas
2012
2222 em novembro
7 partidas
2013
2169 em novembro
38 partidas
2014
2360 em agosto
54 partidas (até agosto)

Ao abrirmos as informações sobre o que acontece a partir de novembro de 2013, verificamos uma coincidência que seria facilmente explicável de estivéssemos falando de um campeonato de futebol da Segunda Divisão. A performance de Arruda nos faz levar a crer que existe o papel do alçapão também no xadrez. Surpreendeu a todos como o local das partidas e o organizador responsável foram decisivos para sua arrancada invejável.

Vejamos mais uma tabela para entender. São os torneios jogados por Arruda e a contribuição de cada um deles no rating publicado. Em azul são os torneios positivos, que somaram pontos, e em vermelho, os torneios que lhe tiraram rating:

MÊS DA PUBLICAÇÃO
NOME DO EVENTO
VARIAÇÃO DO RATING
Outubro de 2013
Aberto do Brasil (RN)
- 21 pontos
Novembro de 2013
Aberto de Mogi (SP)
- 23 pontos
Dezembro de 2013
Camp. Clube de Xadrez do RJ
+45 pontos
Dezembro de 2013
Semifinal do Brasileiro
- 32 pontos
Janeiro de 2014
Memorial José Jacome
+34 pontos
Janeiro de 2014
Estadual de Mestres RJ
- 5 pontos
Fevereiro de 2014
Tr do Clube de Xadrez do RJ
+ 37 pontos
Abril de 2014
I Batalha Bobby Fischer (SP)
+ 37 pontos
Maio de 2014
Regional Sudeste Paraty (RJ)
- 9 pontos
Junho de 2014
Estadual Absoluto (RJ)
- 10 pontos
Julho de 2014
Batalha El Trovador
+ 35 pontos
Julho de 2014
Memorial Max Euwe
+ 27 pontos
Agosto de 2014
II Memorial José Jacome
+ 32 pontos

A coincidência é gritante. No período de sua arrancada, Arruda perdeu rating em todos os torneios que jogou “fora de casa” e ou naqueles que não foram organizados por ele. Nos torneios FIDE da Fexerj, da CBX e de outras federações do Brasil, Arruda acumulou perdas que somaram 100 pontos nos últimos 12 meses!

Para inverter essa tendência decepcionante e para ficar ranqueado agora entre os 20 melhores jogadores do Brasil, o esforço teve de ser dobrado. Os torneios organizados por ele ou pelo clube que preside lhe brindaram nada menos que 247 pontos desde dezembro de 2013, numa média de 35 pontos conquistados por torneio jogado em casa! Arruda ganhou por torneio em casa uma quantidade de pontos que 99% dos jogadores deste nível não conseguem ganhar no ano inteiro!

Os problemas de transparência não param por aí. Evidências de distorções são muito fortes quando examinamos os participantes dos torneios realizados por ele.  São mais coincidências em cascata que seriam facilmente descartadas caso estes mesmos jogadores frequentassem o circuito carioca. Mas não é o caso, eles só jogam eventos do Clube de Xadrez do Rio de Janeiro, clube presidido por Arruda.

Façamos uma análise detalhada só com os nomes dos jogadores que participaram repetidamente destes eventos. São oito exemplos com padrões iguais, pois, por incrível que pareça, todos estes nomes começaram ou recomeçaram a jogar xadrez a partir de dezembro de 2013, a mesma época em Arruda começou a se destacar. Façamos mais uma tabela:
Euci Pereira Diniz
Jogou 5 de 7 torneios
Retornou em dez/13
Última aparição: dez 2008
Mario Cunha Violla
Jogou 5 de 7 torneios
Retornou em jan/14
Última aparição: mar 2010
Julio Perez Martins
Jogou 4 de 7 torneios
Retornou em dez/13
Última aparição: mar 2010
Daniel Rodriguez Vaz
Jogou 5 de 7 torneios
Retornou em dez/13
Última aparição: mar 2010
José Félix Perez Martins
Jogou 4 de torneios
Retornou em dez/13
Última aparição: mar 2010
Jamil Perez
Jogou 5 de 7 torneios
Primeiro rating: dez/13

Evandro Bonfim da Costa
Jogou 5 de 7 torneios
Primeiro rating: dez/13

Jarde Nascimento
Jogou 2 de 7 torneios
Primeiro rating: jul/14


Mario Cunha Violla é um exemplo marcante. Defendendo a bandeira italiana, na vida só jogou torneios realizados por Arruda. Na primeira vez, em 2010 - quando suas vitórias não tiravam rating dos adversários, venceu todas as partidas do Magistral de Natal de Mangaratiba – cinco vitórias ao todo, com resultado perfeito – perfazendo um rating inicial de 2249 pontos! Curiosamente, este talento desconhecido dos cariocas desapareceu do circuito com a mesma rapidez com que apareceu. Ao ressuscitar em 2014, jogou quatro partidas com Arruda, perdendo rating em todas elas: um empate inicial e três derrotas seguidas.

Há jogadores de outras nacionalidades que são desconhecidos em seus países. Há ainda o representante de São Paulo, Jarde Nascimento, que não tem rating paulista e nem cadastro naquela federação, segundo fontes consultadas por nós. Neste caso, a culpa pode ser da própria dupla FIDE/CBX, que não exigem o preenchimento exato das fichas de cadastro que são publicadas na internet.

Outro ponto curioso é o perfil da arbitragem destes eventos. Vítor da Silva foi árbitro em quatro torneios desta série e teve seus primeiros passos registrados a partir de dezembro de 2013. Ao todo, arbitrou seis eventos na carreira, todos recentemente. Raphael de Souza Malafaia arbitrou o torneio de Arruda registrado em São Paulo. A ficha do torneio está incompleta. Raphael só arbitrou uma vez na vida – esta! - e não é reconhecido em São Paulo. A pergunta é: por que estas pessoas só atuam em um único lugar?

Poderíamos continuar nosso processo de investigação infinitamente. Os dados estão aí, é só cruzá-los para construir mais evidências. Mas como foi dito anteriormente, as evidências listadas são suficientes para que se abra uma investigação. Se o atleta fez algo de errado, são as autoridades que têm de provar. Nós atletas, e ele Arruda também, temos o direito de querer tudo bem transparente.

Este movimento se faz ainda mais urgente depois que Eduardo Arruda registrou mais dois eventos no mesmo modelo para setembro próximo. Um IRT de 2 a 5 com rodadas duplas de terça a sexta. Somente para convidados com confirmação por e-mail. Há um outro, internacional, marcado em seguida, numa velocidade frenética para padrões do Rio e do Brasil. E tudo, ao que se sabe até o momento, sem nenhuma objeção da CBX.

Seria ótimo para a comunidade do Rio que Arruda apresentasse provas críveis de que tudo está na mais perfeita ordem. Como seria bom para o Rio de Janeiro ganhar um novo jogador de ponta, capaz de concorrer nas provas mais importantes do país. E como seria saudável se seus colegas de clube, muitos com mais de 2200 pontos de rating, tivessem a generosidade de dividir pela primeira vez o conhecimento competindo em provas oficiais do calendário Fexerj. Mal ou bem, os campeonatos Carioca, Estadual, Interclubes e de Mestres ainda guardam seu charme.

Quanto aos órgãos de controle, acreditamos termos levantado neste documento perguntas demais e respostas de menos. Ser gestor dá trabalho, principalmente numa legislação desportiva ultrapassada. Mas a obrigação de manter a lisura e dar transparência ao sistema cabe à CBX. É dela que aguardamos um posicionamento condizente com suas responsabilidades. Afinal, não custa lembrá-los, o rating é um serviço pago.

Da Fexerj também esperamos um parecer sobre estes fatos, afinal, Arruda jogou muitas provas e continuará jogando em nosso Estado. Apesar das indagações, temos de reconhecer que ele é uma força importante do nosso xadrez. Queremos as respostas, mas queremos também preservá-lo dentro do possível.

O que pior pode acontecer a todos neste momento é sermos brindados com uma postura reativa das autoridades. Até porque desconfiamos que outros jogadores possam querer adotar o mesmo caminho. Encarar o desafio de descobrir se há algo mais por trás de tantas coincidências é mesmo um caminho espinhoso, mas necessário. Se quisermos levantar o xadrez do Rio, e até o do Brasil, meritocracia e transparência são as duas palavras que ainda podem nos ajudar bastante.

Uma cópia desta carta será enviada aos endereços eletrônicos do presidente da CBX, do vice-presidente técnico da CBX e também do presidente da FEXERJ. Foi criado o email caissanosdorio@gmail.com para representar o coletivo que assina esta carta. Enviaremos também uma versão impressa para o endereço das instituições citadas. Faremos uso das mídias sociais existentes para difundir a carta, já que o propósito de seu conteúdo é público.

Assinam esta carta, por ordem alfabética:
Adérito Pimenta, enxadrista há 29 anos
Albert Silver, enxadrista há 27 anos
Alfredo Pereira dos Santos, enxadrista há 46 anos
Álvaro Frota, enxadrista há 44 anos
Antonio Carlos Alvim, enxadrista há 37 anos
Antonio Claudio Marcolino, enxadrista há 36 anos
Aurélio Albuquerque de Queiróz , enxadrista há 15 anos
Carlos Evanir, enxadrista há 30 anos
Christian Toth, enxadrista há 42 anos
Cristiano Nogueira Porto, enxadrista há 27 anos
Daniel Marcolino, enxadrista há 23 anos
David França Mendes, enxadrista há 35 anos
Diego Di Berardino, enxadrista há 17 anos
Dirceu Viana, enxadrista há 34 anos
Egydio Oman Simões Jr, enxadrista há 12 anos
Felipe Gambini, enxadrista há 3 anos
Fernando Cesar Garrido de Paula, enxadrista há 34 anos
Francisco Schwab, enxadrista há 49 anos
Frederico Bohn Argolo, enxadrista há 5 anos
Gabriel Vilela, enxadrista há 4 anos
Georg von Bülow, enxadrista há 35 anos
Gilvan Nóbrega dos Santos , enxadrista há 38 anos
João Gabriel França, enxadrista há 5 anos
José Costa Fernandes Jr,  enxadrista há 42 anos
José Eduardo Bastos de Oliveira Maia, enxadrista há 32 anos
Kleber Victor Ferreira,  enxadrista há 32 anos
Luis Gustavo Gomes, enxadrista há 7 anos
Luiz Loureiro, enxadrista há 46 anos
Marcelo Santos,  enxadrista há 20 anos
Márcio Miranda, enxadrista há 68 anos
Márcio Rosa Fernandes,  enxadrista há 11 anos
Marcos Diaz, enxadrista há 10 anos
Márvio Salles, enxadrista há 37 anos
Octacílio Rebello,  enxadrista há 37 anos
Oscar Luiz Vieira Ferreira, enxadrista há 36 anos
Oscar Vieira, enxadrista há 60 anos
Paulo Moses Fucs,  enxadrista há 35 anos
Pedro Henrique Domingues, enxadrista há 4 anos
Peter Toth,  enxadrista há 57 anos
Raimondo Bottari, enxadrista há 31 anos
Ricardo Teixeira,  enxadrista há 41 anos
Roberto Antonio Ferreira de Almeida, enxadrista há 27 anos
Roberto Cintra Martins,  enxadrista há 14 anos
Sérgio Patrício de Oliveira, enxadrista há 14 anos
Tadeu  Sousa Santos Filho, enxadrista há 24 anos
Virgínia Lagrange,  enxadrista há 30 anos
Wagner Morais,  enxadrista há 11 anos
Yves Santiago de Melo,  enxadrista há 1 ano

quarta-feira, 6 de agosto de 2014

1429- A VOLTA DO XEQUE.NET

O MF Dirceu Viana reativou o Xeque.Net (agora no Facebook), um espaço de crônicas inteligentes e alta qualidade na informação. Link AQUI.
Segue a primeira crônica.

De volta! O primeiro post vai ser sobre Botvinnik, com quem ando conversando antes de dormir. Mas o pano de fundo é o poder, ou melhor, a política, que também ocupa a vida de muita gente no xadrez. Onde há poder, há política. Já o que se faz dela é outra história. 

Estou falando do livro “Mikhail Botvinnik, a vida e as partidas de um campeão do mundo” (em inglês), editora McFarland, 274 páginas na capa dura. Trata-se de uma releitura da carreira do grande campeão escrita pelo GM americano Andrew Soltis, ex-repórter em Nova York. As partidas selecionadas são até dispensáveis, pois há literatura mais qualificada, mas o olhar contextualizado e os muitos detalhes curiosos da carreira do "pai do xadrez soviético" são tempero novo em comida requentada.

Uma passagem que me chamou a atenção foi o boicote que o então campeão do mundo, o primeiro na história de seu país, sofreu em 1952. Por ter acumulado resultados ruins desde o match com Bronstein, em 1951, Botvinnik foi literalmente excluído das Olimpíadas de Helsinque. Além do time principal - Kotov, Keres, Geller, Bronstein e Smyslov - forças ocultas (sempre elas!) do Kremlin trabalharam pela exclusão do campeão.

Moral? Quando a política domina a meritocracia, as distorções aparecem. Estamos cheios de exemplos por aí. O problema é que há poucos Botvinniks nas redondezas para dar a volta por cima. O do livro, sabemos o que conseguiu depois. Já os da atualidade, precisamos encontrá-los urgentemente!

Foto: E APRONTARAM COM BOTVINNIK...

De volta! O primeiro post vai ser sobre Botvinnik, com quem ando conversando antes de dormir. Mas o pano de fundo é o poder, ou melhor, a política, que também ocupa a vida de muita gente no xadrez. Onde há poder, há política. Já o que se faz dela é outra história. 

Estou falando do livro “Mikhail Botvinnik, a vida e as partidas de um campeão do mundo” (em inglês), editora McFarland, 274 páginas na capa dura. Trata-se de uma releitura da carreira do grande campeão escrita pelo GM americano Andrew Soltis, ex-repórter em Nova York. As partidas selecionadas são até dispensáveis, pois há literatura mais qualificada, mas o olhar contextualizado e os muitos detalhes curiosos da carreira do "pai do xadrez soviético" são tempero novo em comida requentada. 

Uma passagem que me chamou a atenção foi o boicote que o então campeão do mundo, o primeiro na história de seu país, sofreu em 1952. Por ter acumulado resultados ruins desde o match com Bronstein, em 1951, Botvinnik foi literalmente excluído das Olimpíadas de Helsinque. Além do time principal - Kotov, Keres, Geller, Bronstein e  Smyslov -  forças ocultas (sempre elas!) do Kremlin trabalharam pela exclusão do campeão.

Moral? Quando a política domina a meritocracia, as distorções aparecem. Estamos cheios de exemplos por aí. O problema é que há poucos Botvinniks nas redondezas para dar a volta por cima. O do livro, sabemos o que conseguiu depois. Já os da atualidade, precisamos encontrá-los urgentemente!